Hoje, as futuras engenheiras de alimentos Adriana Milani, Anakellen Toazza e Laisa Girardelli discutem o uso dos conservantes na alimentação. E se no mundo moderno é inviável viver sem eles, o que observar para não ter problemas, quais os possíveis problemas associados aos conservantes e em que alimentos eles estão presentes:
A crescente demanda por alimentos processados, de
conveniência e de prateleira, tornou imperativo o uso de aditivos. Muitas vezes, o uso de conservantes em
alimentos gera um grande questionamento aos consumidores: existe algum risco à
saúde em consumir produtos com este tipo de aditivo?
Para um melhor entendimento do que é um conservante, por
definição, é uma molécula química que inibe,
retarda ou previne o crescimento e a proliferação de microrganismos que
provocam alterações nos alimentos. O uso deste aditivo em alimentos proporciona
maior aproveitamento das matérias primas e por consequência diminui
desperdícios, mantendo as características químicas e sensoriais dos alimentos.
A
escolha de um agente antimicrobiano depende de vários fatores, como as
propriedades físicas e químicas do alimento, os agentes contaminantes –
leveduras, fungos, bactérias- e as condições de armazenamento. Muitas vezes, não existe um conservador que
alcance todos os objetivos desejáveis, desta maneira são utilizados em
combinação ou associados a métodos físicos de conservação.
O uso
de conservantes em alimentos está em constante análise e pesquisa a fim de
garantir que o consumidor possa ter segurança ao consumi-los. A quantidade a
ser utilizada segue os parâmetros qualitativos e quantitativos recomendados
pela FAO/OMS (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação/Organização Mundial da Saúde).
A partir de estudos toxicológicos calcula-se o
Noel (Nível de Efeito não observável) para cada substância testada,
definindo-se a IDA (Ingestão Diária aceitável), ou seja, a quantidade da substância
que pode ser consumida diariamente, sem riscos ao consumidor. Deste modo, cada
conservante possui a sua IDA determinada. Cada país possui os conservantes que
podem ou não serem utilizados. Cada nação tem a responsabilidade de verificar
periodicamente o consumo total deste aditivo para assegurar que a ingestão não
ultrapasse as recomendações de ingestão diária aceitável.
O
quadro abaixo relaciona os conservantes permitidos pela legislação brasileira,
bem como a quantidade, origem e os produtos que possuem determinado
conservante.
CONSERVANTE
|
IDA
(mg/kg)
|
ORIGEM
|
PRODUTOS ENCONTRADOS
|
Ácido
benzóico e seus sais
|
0-
5
|
Obtido
sinteticamente através da oxidação do tolueno.
|
Creme
vegetal, margarinas, azeitonas, suco de frutas.
|
Sódio
|
|||
Potássio
|
|||
Cálcio
|
|||
Acído
sórbico e seus sais
|
0-
25
|
Frutas
como morango silvestre, sementes de mamona.
|
Bombons,
chocolate, frutas cristalizadas, maionese.
|
Sódio
|
|||
Potássio
|
|||
Cálcio
|
|||
Dióxido de enxofre e derivados
|
0-0,7
|
Obtido
quimicamente pelo enxofre ou combustão da gipsita
|
Açúcar
refinado, batata frita congelada, bebidas alcoólicas, camarões, lagosta, legumes
e verduras desidratados.
|
Sulfito
de sódio
|
|||
Bissulfito
de sódio
|
|||
Metassulfito
de sódio
|
|||
Sulfito
de potássio
|
|||
Bissulfito
de cálcio
|
|||
Sulfito
de cálcio
|
|||
Nitrato de sódio
|
0-
3,7
|
Presente
em algumas plantas, especialmente brócolis e espinafre.
|
Produtos
cárneos curados e queijos
|
Nitrato de potássio
|
|
Encontrado
naturalmente na saliva ou produzido a partir de resíduos animais e vegetais.
|
|
Nitrito de sódio
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0-0,06
|
Obtido pela
síntese química do nitrato de sódio ou por ação de bactérias
|
Produtos
cárneos curados
|
Propionato de sódio
|
Sem
limite
|
Sal
de sódio do ácido propriônico
|
Bombons
e similares, chocolates, extrato de malte, pizza, pastéis, produtos de panificação.
|
Propianato
de cálcio
|
|
Sal de sódio do ácido propriônico
|
|
Propianato
de potássio
|
|
Sal de potássio do ácido
propriônico
|
|
Nisina
|
0-33000
|
Bacteriocina
polipeptídica. Diversas variedades de culturas de microrganismos para queijo
produzem nisina.
|
Preparados
a base de queijo, queijos fundidos e requeijão.
|
Natamicina
|
0-0,3
|
Sintetizado
quimicamente
|
Queijos
(na parte da crosta)
|
Parahidroxibenzoato
de etila
|
|
Sintética
a partir do ácido benzóico
|
Picles
|
de
etila de sódio
|
|
||
de
propila
|
|
||
de
propila de sódio
|
|
||
de
metila de sódio
|
|
Fonte: GAVA, 2008.
Considerações sobre toxicidade dos conservantes:
É
importante tomar cuidado com o uso excessivo de nitritos, pois podem reagir com
aminas
secundárias e terciárias, amidas e aminoácidos, produzindo compostos N-nitrosos
carcinogênicos.
Alguns
indivíduos podem apresentar alergias e reações a certos compostos. Desta forma é de extrema importância o
fabricante detalhar nos rótulos dos alimentos os conservantes contidos no
produto.
Se
consumido em excesso os conservantes podem causar, irritação gástrica e
intestinal, vômito, diarreia, irritação na pele, enjoos, dores de cabeça, entre
outros. Para que isto não ocorra é
necessário ingerir somente a quantidade recomendada diária, tendo assim uma
segurança alimentar.
De fato, os conservantes vêm a garantir alimentos seguros
e sem alterações. Sabidamente, sempre é preferível o consumo de alimentos sem
estes compostos químicos, porém ainda é mais seguro alimentos com este aditivo
quando comparado ao consumo de um alimento deteriorado. Sendo
assim, é irreversível a produção de alimentos sem estes agentes químicos, uma
vez que é impossível no mundo moderno cada indivíduo produzir seu próprio
alimento.
Para saber mais:
GAVA,
A. J.; DA SILVA, C. A. B.; FRIAS, J. R. G. Tecnologia
de alimentos: princípios e aplicações. São Paulo, 2008
Conservantes.
Revista Food Ingredients Brasil. n° 18 31-51p.; 2011.
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